Mapa da união estável no Brasil: Análise dos regimes de bens em 2025
Criado em: 05 de dezembro de 2025
Atualizado em: 05 de dezembro de 2025
Comunhão parcial ainda domina, mas separação total cresce em grandes centros
A união estável, cada vez mais presente na vida dos brasileiros, revela não apenas escolhas afetivas, mas também decisões patrimoniais que refletem valores culturais e econômicos.
Um levantamento exclusivo sobre os contratos de união estável firmados em 2025 revela tendências sobre como os casais brasileiros estão gerenciando seus patrimônios. Os dados mostram que, embora a comunhão parcial de bens continue sendo o regime predominante, novas tendências começam a redesenhar o cenário.
Em 67,7% dos contratos, a comunhão parcial segue como padrão nacional, garantindo a divisão apenas dos bens adquiridos após o início da união. Mas o destaque vai para a separação total de bens, que cresce em grandes centros urbanos, especialmente em São Paulo, onde já representa 21,2% das escolhas, quase 50% acima da média nacional. Esse movimento sugere uma mudança cultural: casais cada vez mais preocupados em proteger o patrimônio individual e preservar autonomia financeira.
Em contraste, estados como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba mantêm índices superiores a 70% de adesão à comunhão parcial, reforçando a força da tradição em regiões de perfil mais conservador. Já no Pará, a separação total surpreende ao alcançar 42,1%, revelando um comportamento fora da curva em relação ao restante do país.
O regime de Comunhão Universal aparece em 16,9% dos contratos, enquanto a Participação Final nos Aquestos segue rara, com apenas 1,5% da amostra, confirmando sua baixa adesão na prática cartorária.
Tendências regionais
Os dados mostram que a escolha do regime de bens deixou de ser uma decisão automática. Em centros econômicos, cresce a percepção de que a união estável é também um contrato de gestão patrimonial, onde autonomia e proteção individual ganham espaço. Já em regiões mais tradicionais, prevalece a confiança no modelo padrão.
São Paulo (SP), o estado com o maior volume de contratos elaborados, mostra uma clara diversificação:
Comunhão Parcial: 63,6% (ainda majoritária, mas abaixo da média nacional).
Separação total: 21,2%.
A alta adesão à Separação Total sugere que casais paulistas buscam ativamente proteger seus bens individuais. A separação total é cerca de 50% mais popular em SP do que na média nacional. Essa tendência reflete uma mudança cultural: casais priorizando autonomia financeira.
Em contraste, estados como Minas Gerais (MG), Rio Grande do Sul (RS) e Paraíba (PB) registraram percentuais acima de 70% de adesão à comunhão parcial de bens na amostra.
O regime de Participação Final nos Aquestos – que oferece separação de bens durante a união e divisão dos bens adquiridos conjuntamente no seu fim – aparece em apenas 1,5% dos contratos, reforçando sua complexidade e raridade na prática cartorária brasileira.
Conclusão
Os dados confirmam que a grande maioria dos casais utiliza o contrato de união estável para formalizar o regime legal padrão, ou seja, o regime de comunhão parcial de bens. Contudo, o aumento da separação total em centros populosos como São Paulo sinaliza uma maior preocupação com a proteção patrimonial individual, transformando a discussão do regime de bens em uma etapa cada vez mais crucial e menos automática na vida a dois.
Esta análise utiliza dados de uma amostra de aproximadamente 4.000 contratos de união estável elaborados na plataforma 99Contratos em 2025.
Gustavo Falcão
Gustavo Falcão, fundador da 99contratos, oferece soluções acessíveis e descomplicadas para o conhecimento jurídico.
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