O papel do contrato na segurança jurídica em empréstimos entre amigos e parentes

Atualizado em: 25 de agosto de 2025             



O papel do contrato na segurança jurídica em empréstimos entre amigos e parentes
O papel do contrato na segurança jurídica em empréstimos entre amigos e parentes

E m um cenário onde relações pessoais frequentemente se misturam com questões financeiras, é comum que amigos e familiares recorram uns aos outros em busca de ajuda monetária.

Essa prática, embora frequentemente motivada por laços afetivos e confiança mútua, pode se tornar um terreno minado quando não tratada com a devida seriedade.

Neste artigo, exploramos por que é essencial formalizar empréstimos entre pessoas próximas por meio de contratos, destacando os riscos da informalidade e os benefícios da segurança jurídica.

Quando a boa intenção não basta

É natural querer ajudar alguém próximo em momentos de dificuldade. No entanto, empréstimos feitos com base apenas na confiança podem se tornar fontes de desentendimentos, especialmente quando não há clareza sobre:

  • Valor emprestado
  • Prazo de devolução
  • Juros (se houver)
  • Forma de pagamento
  • Consequências do inadimplemento

A ausência de um registro formal pode comprometer não apenas o reembolso, mas também o relacionamento entre as partes.

O que diz a lei sobre empréstimos entre particulares?

Empréstimos entre pessoas físicas são permitidos pela legislação brasileira. Eles se enquadram juridicamente como contrato de mútuo, previsto nos arts. 586 a 592 do Código Civil (Lei nº 10.406/2002). Nesse tipo de contrato:

“O mutuante entrega ao mutuário bens fungíveis, com a obrigação de restituir o mesmo montante no prazo ajustado.”

Mesmo que o empréstimo seja gratuito (sem juros), é altamente recomendável que seja formalizado por escrito. Um contrato bem elaborado pode servir como título executivo extrajudicial, desde que assinado por ambas as partes e por duas testemunhas (art. 784, III, do Código de Processo Civil).

Benefícios de formalizar o empréstimo com contrato

Abaixo listaremos alguns benefícios de elaborar um contrato de empréstimo.

  • Clareza nas condições: O contrato define com precisão o valor emprestado, o prazo de devolução, os juros (se houver), e as penalidades em caso de inadimplência.
  • Segurança jurídica: Em caso de disputa, o contrato serve como prova documental. Ele pode ser usado judicialmente para cobrar o valor devido, inclusive por meio de ação de execução.
  • Preservação de relacionamentos: Ao deixar tudo claro desde o início, o contrato evita mal-entendidos e protege os vínculos afetivos entre amigos e familiares.
  • Conformidade fiscal: Empréstimos devem ser declarados no Imposto de Renda, tanto pelo credor quanto pelo devedor. A formalização ajuda a evitar problemas com a Receita Federal.

Juros e limites legais

É permitido cobrar juros em empréstimos entre particulares, desde que respeitados os limites legais. O entendimento jurídico atual é:

  • Juros compensatórios: até 1% ao mês (12% ao ano)
  • Juros moratórios: até 1% ao mês em caso de atraso
  • Multa por inadimplência: até 2% sobre o valor da dívida

Cobranças acima desses limites podem ser consideradas usura, conforme a Lei da Usura (Decreto nº 22.626/1933) e a Lei nº 1.521/51, que trata dos crimes contra a economia popular. A prática de agiotagem é crime e pode resultar em reclusão de 6 meses a 2 anos, além de multa.

Como elaborar um contrato de empréstimo seguro

Um contrato eficaz deve conter:

  • Identificação completa das partes
  • Valor emprestado e forma de entrega (transferência, Pix, etc.)
  • Prazo de devolução
  • Juros e penalidades (se houver)
  • Garantias (caução, fiador, etc.)
  • Assinatura de duas testemunhas
  • Reconhecimento de firma (opcional, mas recomendável)

Para valores elevados ou situações complexas, pode-se optar por escritura pública, lavrada em cartório, que confere maior segurança jurídica.

Conclusão

Empréstimos entre amigos e parentes são gestos de confiança e solidariedade, mas não devem ser tratados com informalidade. A formalização por meio de contrato é uma medida prudente que protege ambas as partes, evita conflitos e preserva os relacionamentos.

Referências legais

Código Civil (Lei nº 10.406/2002) — arts. 586 a 592

Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) — art. 784

Lei da Usura (Decreto nº 22.626/1933)

Lei nº 1.521/51 — crimes contra a economia popular

Código Tributário Nacional — obrigações fiscais


Author: Gustavo Falcão

Gustavo Falcão

Gustavo Falcão, fundador da 99contratos, oferece soluções acessíveis e descomplicadas para o conhecimento jurídico.

Através de modelos de contratos personalizáveis, sua missão é garantir praticidade e segurança jurídica.

Sempre buscando aprimorar seus serviços e expandir suas áreas de atuação, Gustavo acredita na tecnologia como aliada para simplificar processos burocráticos e democratizar o acesso ao conhecimento jurídico.


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